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domingo, 5 de junho de 2016

Brasil 0 x 0 Equador

Brasil começa bem  o jogo, contornando a pressão na saída do Equador, cria chances, mas peca na hora de concluir. No segundo tempo, não mantém intensidade, e o jogo piora muito. Um gol mal anulado do Equador salva a noite da Seleção e, principalmente, do goleiro Alisson.


Escalações

É preciso começar destacando a semana curiosa que teve a Seleção Brasileira. Uma sequência de contusões atrapalhou a rotina de treinamentos, dificultando o entrosamento da equipe. Além disso, é possível que os jogadores restantes tenha ficado mais receosos de se machucarem. Entrre mortos e feridos, Dunga escalou o time no 4-1-4-1 que já vinha usando nas Eliminatórias. Alisson continuou no gol. Daniel Alves, o jogador brasileiro com mais títulos na história, foi o capitão. Marquinhos jogou no lugar de Miranda, machucado mas (ainda?) não cortado, ao lado de Gil. Filipe Luís jogou na esquerda. Casemiro, depois de ótima temporada no Real Madrid e campeão da Champions League, foi efetivado como o primeiro homem do meio-campo. Na frente dele, a dupla campeã brasileira pelo Corinthians, Elias e Renato Augusto. O trio de ataque foi composto por Phillipe Coutinho, Jonas e Willian.

Embalado pelos 13 pontos que o coloca na segunda posição das eliminatórias sul-americanas, o Equador veio em um 4-4-2 muito bem organizado, com destaque para a dupla de ataque Enner Valencia e Miller Bolanos - jogador do Grêmio - e do ponta-direita Antonio Valencia, ex-Manchester United.

Equador avança a marcação, mas Brasil escapa bem.

Mais entrosado, o Equador iniciou tentando aproveitar o momento de incertezas da Seleção, e adiantou a marcação, pressionando a saída de bola brasileira. Os seis homens mais avançados moviam-se de forma coordenada, pressionando simultaneamente todos os homens da linha de defesa brasileira. A zaga do Equador também subia para evitar deixar espaço as costas dos volantes. Uma tática muito bem treinada e que resultou em algumas boas chances para o Equador, como o chute de Bolanos aos quatro minutos depois de roubada no ataque.

Mas o Brasil veio preparado para essa estratégia, talvez o único mérito da equipe no jogo. Foi capaz de sair tocando a bola pelo chão, com rapidez e precisão, sempre buscando encontrar o homem livre na ponta, depois das linhas de pressão. Esses movimentos também foram resultado de um bom preparo e estudo do adversário. Foi assim que o Brasil respondeu ao Equador com Willian avançando pela direita, driblando o lateral e cruzando na área para chute de Coutinho que forçou grande de defesa do goleiro adversário.

Esse lance mostra bem o padrão do ataque brasileiro: Willian aberto como um ponta clássico, buscando esticar o jogo para driblar e cruzar na área. Do outro lado, Philippe Coutinho buscava o meio, explorando as costas dos volantes. Como o lateral adversário o marcava de perto, esse movimento gerava um corredor que era explorado por Felipe Luis. Em contraste, Daniel Alves subia mais por dentro, apoiando Willian de forma inversa.

O Equador se defendia em um bloco muito estreito, para poder exercer pressão no homem com a bola. O Brasil entendeu bem essa situação, e muitas vezes realizou viradas de bola buscando o homem livre no lado oposto, desafogando a pressão e aproveitando os espaços nas laterais. Crucial para essa estratégia foi Casemiro, um primeiro volante combatente mas também com boa visão de jogo. Na verdade, muitas vezes Casemiro buscou o passe díficil para deixar o companheiro livre, e por isso mesmo, muitas vezes errou. Em geral, foi esse comportamento que gerou as boas jogadas do Equador, que aproveitava o erro brasileiro.

No primeiro tempo, o Brasil foi bem porque conseguiu escapar da pressão, jogou de forma rápida e chegou com perigo no gol. Entretanto, houve um excesso de solidariedade e/ou preciosismo na frente do gol que fez com que o número de chutes a gol fosse menor do que o esperado.

Jogo piora e Brasil leva gol mal-anulado.

No segundo tempo, ambos os times foram menos intensos. o Equador decidiu não pressionar tanto, preferindo recuar as linhas. Nesses momentos, Bolanos acompanhava Casemiro, enquanto os pontas marcavam bem os laterais, de forma que os espaços do primeiro tempo não mais haviam. Assim, o Brasil não soube - ou não foi capaz - de encontrar uma nova forma de atacar o Equador. Em contrapartida, o Equador descobriu que a Seleção deixava seus próprios espaços e não conseguia conter bem os contra-ataques. Em um desses lances, o Equador conseguiu um gol devido a um frango de Alisson, que foi mal-anulado pela arbitragem.

Dunga mudou Jonas por Gabriel e Lucas Moura por Willian. Duas trocas que mantiveram a estrutura tática, e mesmo as funções individuais. Um atacante de movimentação por outro, e um ponta clássico por outro. Lucas Moura apareceu bem na melhor chance do time na segunda etapa, mas de resto foi desperdiçado pelo fato do Equador estar muito recuado e não dar os espaços que ele precisa para usar sua velocidade característica. Somente aos 38 do segundo tempo Dunga colocou Lucas Lima no lugar de Elias, adicionando mais criatividade ao meio-campo. Infelizmente, foi pouquíssimo tempo para o santista mostrar sua qualidade.

Conclusão

Talvez seja possível explicar o segundo tempo muito ruim da seleção pelo cansaço de fim de temporada e medo de contusões. Mas não basta. Era preciso ter mais vontade. Além disso, o Brasil precisa encontrar uma forma de enfrentar times que joguem mais recuados. Para isso, é preciso armadores capazes de desmontar defesas. É claro que não basta apenas colocar Ganso e Lucas Lima em campo e esperar que eles salvem o time. Mas Dunga tem dois ótimos criadores nas mãos e que com certeza podem ser usados nessa situação, se o time estiver preparado para isso.

Outra falha da seleção que precisa ser trabalhada é a capacidade de conter contra-ataques na origem. Hoje em dia, Klopp e Guardiola são os proponentes da contra-pressão, em que os times tentam recuperar a bola com intensidade no ataque, no momento seguinte a perda da posse. Para implementar isso é preciso agrupar o time e muita coordenação. Não é fácil, mas é importante se o Brasil vai ser ousado com a bola. Sem isso, continuaremos muito vulneráveis ao contra-ataque.

Como antecipado, o único mérito da equipe foi ter encontrado uma forma de contornar a pressão adversária com toques rápidos e sincronizados. Isso é muito bom, porque muitos times jogam com essa pressão alta hoje em dia. Mas dificilmente bastará para ganhar essa Copa América. É preciso que Dunga prepare também o time para enfrentar adversários mais recuados, capaz de propor o jogo e matar os contra-ataques na origem.





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