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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Atlético de Madrid 1 x 0 Barcelona - Liga dos Campeões

Atlético elimina o Barcelona após vinte minutos iniciais incrivelmente intensos, fazendo um gol aos 5 minutos de jogo e colocando mais três bolas na trave. Depois, Barcelona fica com a bola, mas o time da capital usa sua experiência contra o catalães para neutralizar a ameaça e ficar com a vaga.

Aquecimento

Na primeira partida, empate em 1 a 1 no Camp Nou com gols dos ex-santistas Diego e Neymar. Em quatro jogos até aqui na temporada entre esses dois times, nenhum havia saído vencedor, todos terminando empatados. No banco, dois técnicos argentinos que se conhecem bem do tempo de jogador. De um lado, Diego Simeone, ex-jogador do Atlético que hoje é o grande ídolo do torcedor. Do outro, Gerardo Martino, vindo do Newell's Old Boys esta temporada depois de um bom tempo com treinadores "pratas da casa" no Barcelona - Guardiola e Villanova.

Ambos os times tiveram desfalques importantes. No Barcelona, a ausência de Piqué e Puyol significou uma defesa formada pelo jovem Marc Bartra e Mascherano, que já joga na zaga há algum tempo. Entretanto, era o Atlético quem tinha os desfalques mais significativos: Diego Costa e Arda Turan. O primeiro é a grande estrela do time, e o melhor camisa 9 da Europa hoje. O segundo é o principal homem de criação no meio campo do time. No lugar de Diego Costa jogou Adrian Lopez ao lado de David Villa no ataque. Turan foi substituído por Raul Garcia.

O Atlético da intensidade

Neymar começando o jogo na ponta-esquerda.
Fábregas como falso nove com a aproximação
de Messi. Sem Diego Costa, Villa esteve
 ao lado de  Lopez no ataque
Já é uma estratégia padrão, mas todos os times que visitam o estádio Vicente Calderón caem na armadilha. Aplicar forte pressão na saída de bola adversária e atacar em velocidade com a dupla de atacantes e os dois meias armadores. Exceto no primeiro jogo em casa, contra o Zenit, o time do Atletico marcou nos 15 minutos iniciais quando jogou em casa.

Contra o Barcelona, a intensidade desses momentos iniciais impressionou. A estratégia consistia em adiantar as linhas de marcação e utilizar bolas longas nos canais entre zagueiros e laterais buscando a dupla de atacantes. Normalmente Diego Costa faz muito bem esse trabalho de receber os lançamentos e partir em velocidade, explorando os espaços e desarrumando a defesa adversária. Nesse jogo, a tarefa caiu para Adrian López e David Villa - ex-Barcelona. Em especial, a desentrosada dupla de zaga do Barcelona não conseguiu lidar com a pressão.

Por isso, nos vinte minutos iniciais, o Atlético abriu o placar em verdadeira blitz na pequena área de José Pinto. Primeiro Adrian Lopez acertou o travessão, depois David Villa cruzou para Adrian Lopez escorar para o centro, com Koke livre para escorar pra dentro. O lance combinou o lançamento para o atacante no espaço entre zagueiro e lateral e também a exploração das jogadas aéreas que sempre foram o terror da defesa do Barcelona. O Atlético ainda acertaria a trave mais duas vezes, criando as melhores chances mesmo sem a posse de bola.

O Atlético da marcação

Depois dos vinte minutos iniciais, o jogo se estabeleceu em um padrão já conhecido nas partidas entre esses dois times. O Atlético se defendia de forma bem compacta, com as duas linhas de quatro mais a dupla de atacantes todos na intermediária defensiva. Depois de quatro jogos sem derrota, os colchoneros encontraram a forma de neutralizar as jogadas do Barcelona, transformando a famosa posse de bola do time catalão em uma posse estéril. Dificultando até o trabalho de Messi, que não marcou contra o Atlético na temporada.

O Atlético manteve uma forma compacta e bem estreita, isso quer dizer que quando a bola se encontrava no flanco direito do Barcelona, o time todo se deslocava para a esquerda junto, com Raul Garcia, o meia do lado oposto ficando bem no centro do campo. Com isso, o Atletico colocava muitos jogadores na zona em que a bola estava, impedindo o passe matador dos meias do Barcelona, interceptando-os. Isso forçava o Barcelona a rodar a bolar para o flanco oposto, sem nunca realmente levar perigo.

Neymar

No jogo anterior, Neymar começou jogando na ponta direita, com Messi no centro e Iniesta na esquerda. Mas o gol só saiu no momento em que Alexis Sanchez entrou no lugar de Fábregas. Neymar foi jogar na sua posição preferida na ponta esquerda, bem como Iniesta, que voltou para a meia-esquerda, ao lado de Xavi e Busquets. A jogada do gol foi justamente um passe em profundidade de Iniesta para Neymar.

Vendo a efetividade desse posicionamento, Gerardo Martino colocou Neymar desde o início na ponta esquerda, com Iniesta no meio-campo e Fábregas como falso nove. Nessa posição, Neymar foi o jogador mais perigoso do Barcelona. Constantemente acionado por Iniesta, o garoto criou as melhores jogadas do Barcelona no primeiro tempo. Inclusive um grande lance em que deixou Miranda no chão e aplicar uma caneta antes de tocar para Messi no centro da área, que chutou pra fora.

A forte presença de Neymar forçou o lado direito do Atlético a manter uma posição mais conservadora. Assim, Juanfran, Miranda, Gabi e Raul Garcia formavam sempre um quadrado fechando a marcação em Neymar e Iniesta. Em contrapartida, do outro lado, Filipe Luis e Koke tinham menos - mas não pouco - trabalho. Contribuia para isso o fato de que Messi sai da esquerda para o meio, abrindo o corredor para Daniel Alves.

Martino repete Mourinho, sem o mesmo resultado.

Todos os atacantes do Barça em campo.
Daniel Alves com espaço na direita, mas
cruzamentos não funcionaram
No segundo tempo, Tata introduziu Pedro no lugar de Iniesta e Alexis Sanchez no lugar de Fábregas. Assim, o Barcelona passou a jogar em um 3-3-4. Messi vinha para o meio armar com Xavi e Busquets, e Daniel Alves se tornou quase um ponta direita. Entretanto, essa formação não surtiu o efeito desejado. Primeiro porque um abafa baseado em jogadas aéreas favorecia muito mais os defensores do Atlético do que os baixos atacantes do time catalão. Segundo, porque o enfraquecimento do meio-campo do Barcelona significou mais erros de passe diante da compacta defesa do Atlético, o que ocasionou mais contra-ataques. Diego entrou no lugar de Adrian Lopez, e ajudou a reter a bola e oxigenar o time. Nos minutos seguintes a introdução de Pedro, o Atletico teve três oportunidades para aumentar o placar, uma vez com Diego e outra com Gabi em contra-ataque. Infelizmente, faltou o cacoete de atacante ao volante colchonero.

Com o passar do tempo, o Barcelona tinha a bola, mas o Atlético se encontrava numa situação relativamente confortável. A velocidade dos atacantes era completamente neutralizada já que o time do Atlético defendia bem atrás, efetivamente inutilizando essa velocidade. As jogadas aéreas em cruzamentos de Daniel Alves, que participou bastante no segundo tempo, também não favoreciam o Barça graças a diferença em altura e porte físico dos jogadores do dois times. Acostumados a marcar o Barcelona, e saírem sem ser derrotados, o Atletico manteve o nível até o fim, saindo com a vitória.

Conclusão

O Atlético de Madrid se junta a Chelsea, Real Madrid e Bayern de Munique nas semifinais da Champions League. É claramente a ovelha negra do grupo, ainda que ninguém possa duvidar da sua capacidade, sendo ainda o único ainda invicto. É ainda o único dos quatro que não tem um técnico novo, e isso se reflete em campo, já que Simeone moldou o time a sua imagem e semelhança, com 11 jogadores com muita raça em campo.

O jogo foi decidido nos momentos iniciais. Gerardo Martino muito falou da importância de abrir o placar, mas foi o Atlético que chegou lá primeiro com méritos. A intensidade do time impressiona e a inteligência e garra na marcação o tornam um time muito difícil de ser batido. Com a vantagem no placar, o jogo ficou ao feitio dos madrilenhos.

O Barcelona é um dos melhores times do mundo, mas já não é o mesmo de épocas passadas, ainda que tenha Messi e Neymar. Passa por esses dois a reformulação do time, que deve encontrar uma forma de fazê-los render o máximo que podem juntos. Hoje, Neymar foi o destaque do time, enquanto Messi se perdeu entre as linhas de marcação do Atlético. Provavelmente Martino não ficará para a próxima temporada, mas ainda deve buscar o titulo espanhol, aproveitando o fato de que seus rivais de Madrid estarão concentrando esforços na Liga dos Campeões.

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