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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Chelsea 2 x 1 Benfica - Final da Liga Europa

Após um primeiro tempo de completo domínio português, o Chelsea se supera para levantar a segunda taça européia em duas temporadas seguidas. De novo, com um técnico interino. De novo, sendo dominado na final. De novo, com a ajuda de um gol de cabeça nos momentos finais. O Benfica sofre a segunda grande derrota na mesma semana, e dá sequência a uma maldição que já dura mais de 50 anos e 7 finais de campeonato.



Aquecimento

O Chelsea chegou na final da Liga Europa após ser eliminado da Liga dos Campeões no grupo que tinha ainda a Juventus e o Shaktar Donetsk. O técnico Di Matteo, que levou o time londrino ao seu primeiro titúlo europeu no ano passado, foi demitido para a contratação de Rafa Benitez. Nunca se escondeu que o contrato desse último só iria até o final dessa temporada. Na Premier League, o time não desafiou o Manchester United pelo título, mas se manteve, com algum perigo, na zona de classificação para a próxima Champions.

Para esse jogo, o John Terry estava machucado, ainda que ele não fosse uma das primeiras opções para a zaga. Repetiu assim a final contra o Bayern do ano passado, em que ele também não jogou, mas levantou o troféu como capitão do time. Eden Hasard, grande jogador do Chelsea durante toda a temporada, e Victor Moses também estavam indisponíveis. Benitez usou Ramires na ponta direita, e David Luiz no meio-campo, com Mikel ficando no banco. Demba Ba não pôde jogar a Liga Europa pelos Blues, por já ter entrado em campo pelo Newcastle, por isso Torres começou no ataque.

O Benfica também começou a temporada na Liga dos Campeões, mas acabou em terceiro no grupo em que classificaram Barcelona e Celtic. No Campeonato Português, o time ainda disputa cabeça a cabeça o titúlo com os rivais do Porto, mas perderam o clássico no fim de semana, dando a vantagem ao adversário na reta final. Jorge Jesus usou Oscar Cardozo na frente, com Lima no banco. Maxi Pereira estava suspenso, portanto Almeida foi para a lateral direita, com Melgarejo na esquerda. Gaitan começou na meia-esquerda e Rodrigo entrou no meio-campo, com Ola John no banco.

Benfica começa dominando um Chelsea relaxado em campo.
O jogo começou com o Benfica pressionando o time inglês, que por sua vez apenas esperava e não incomodava a saída de bola do time português. Logo nos minutos iniciais, o que se viu foi o Benfica invadir a área do Chelsea com muitos jogadores, inclusive os dois laterais e dois volantes. Por causa dessa pressão, Ramires foi acionado algumas vezes em contra-ataques nos dez primeiros minutos, postado como meia-direita - posição em que ele se destacou no título da Liga dos Campeões ano passado.
David Luiz como volante e Ramires na meia-direita. Gaitan se deslocando para o meio, sobrecarregando o Chelsea. Matic com muito espaço para ditar o ritmo do jogo.
A decisão do Chelsea esperar o Benfica deu a Matic tempo e espaço para ditar o ritmo do jogo e distribuir bem a bola a partir da defesa. Ele comandou as trocas de passe no meio-campo, e conseguiu sair bem da marcação sem vontade de Torres e Mata, se juntando a Pérez e Rodrigo contra Lampard e David Luiz. Isso fez com que o meio-campo do Chelsea ficasse sobrecarregado. Somado a isso, a movimentação de Gaitan também era muito interessante, frequentemente ele saía da ponta-esquerda em direção ao meio-campo, essencialmente formando um quarteto de meio-campo, e ainda abrindo o corredor para a ultrapassagem de Melgarejo. Mesmo com Ramires fechando por aquele lado, o time português levou muito perigo. Do outro lado, Salvio ficou sempre bem aberto, para compensar o movimento de Gaitan e acompanhar Ashley Cole, já que André Almeida tendia a grudar em Oscar, mesmo quando este se aproximava de Mata no meio-campo.

Chelsea acorda e pressiona Matic

O time português continuou melhor no jogo até os 35 minutos do primeiro tempo. Até aí, os Vermelhos conseguiram repetidas vezes colocar muita gente dentro da pequena área do Chelsea, forçando os ingleses a  defender rapidamente, e as vezes no susto, bolas perigosas. Nos últimos 10 minutos do primeiro tempo, entretanto, os portugueses pareceram cansar e deixaram de pressionar forte. O time londrino conseguiu reter a bola um pouco mais, com Mata participando cada vez mais do jogo. Lampard e Luiz batiam com Matic e Perez, pressionando melhor a saída de bola, ainda que deixassem espaço as suas costas para Rodrigo e Gaitan aproveitarem. Oscar também veio momentaneamente para o centro, com Mata a esquerda, especificamente para marcar Matic, que dominava o meio-campo.

Ainda assim, o Benfica defendia com duas linhas de quatro bem compactas. A solução encontrada foi com chutes de fora da área. Assim o Chelsea chegou, com ótimo chute de Lampard com efeito que quase enganou o goleiro Arthur. O primeiro tempo acabou 0 a 0, com o Benfica tendo dominado o jogo, mas com o Chelsea tendo a melhor chance.

Torres acha um gol, mas mudança de Jorge Jesus resulta no empate.

O time inglês voltou com mais vontade para o segundo tempo, mas o time português era melhor ainda. Após o intervalo, o Chelsea pressionou a saída do Benfica, as vezes de forma descoordenada. Ramires e Oscar sempre buscavam incomodar Matic, já que Mata não gosta dessa parte do trabalho. O Benfica voltou um pouco mais cauteloso, em parte pela pressão londrina, em parte pelo receio de tomar o primeiro gol. Mas ainda assim chegava com perigo.
Benfica com dois atacantes. Gaitan na lateral esquerda contra Ramires. Mata trabalhando entre as linhas.

E o primeiro gol acabou acontecendo logo aos nove minutos. Cech lançou a bola para Mata, que desviou na direção de Torres. O atacante espanhol dominou, protegeu passando por Garay e driblou o goleiro pra fazer o primeiro do jogo. O gol mostra a linha alta que o Benfica utilizava pra pressionar o Chelsea, o lançamento longo de Cech, entretanto, curto-circuitou grande parte da pressão, e além disso, usar uma linha alta contra um atacante rápido como Torres pode ser arriscado - como o Corinthians sabe bem. No fim, grandes méritos para o espanhol, que não vivia bons momentos assim há algum tempo.

Jorge Jesus tirou Rodrigo, apagado no segundo tempo, para a entrada de Lima; e Melgarejo para entrada de John. Com isso, o Benfica ficou com dois atacantes de área, e Gaitan foi jogar na lateral esquerda, com John ficando na ponta-esquerda. Imediatamente as mudanças surtiram efeito. Lima recebeu de John, tabelou com Oscar, e quando ia receber a bola na frente, Azpiculieta bloqueou a trajetória da bola com o braço, dentro da área. Cardozo converteu o pênalti que valeu o empate.

Benfica resolve ser mais direto, mas Chelsea retoma o meio-campo.

Com as alterações, o Benfica tinha Gaitan contra Ramires - conhecido por sua energia para marcar e chegar ao ataque - e ainda dois atacantes Lima e Cardozo contra Tim Cahill e Ivanovic. O Chelsea não se intimidou em ficar sem um homem da sobra, contando em ter a vantagem no meio-campo. David Luiz, Lampard e Mata contra Matic e Perez dava a vantagem para o time inglês, invertendo a situação do primeiro tempo.

A única zona em que o Benfica tinha vantagem agora era no centro do ataque. Com dois bons atacantes se movimentando, a defesa do Chelsea poderia ser arrastada por todo o campo. Mas os Blues respondiam recolhendo suas linhas e defendendo bem embaixo, confiando nos seus três zagueiros em campo para eliminar a ameaça aérea de Cardozo, que fazia grande partida.

Com o passar do tempo, o Benfica foi ficando cada vez mais corajoso e utilizando mais e mais seus laterais - um deles um meio-campista criador - para chegar ao ataque, buscando os cruzamentos em direção a Cardozo. Assim, o time de Portugal acabou caindo numa armadilha. Algumas vezes Ramires conseguiu receber a bola em boas condições de contra-atacar. Na primeira, ele decidiu por um drible da vaca que só foi parado por Arthur quando tinha boa opção com Oscar no lado oposto. Na segunda, ele chutou em cima do zagueiro, conseguindo um escanteio. Era um dos últimos lances do jogo. Juan Mata cruzou na cabeça de Ivanovic, que cabeceou no canto oposto e fez o gol do titulo.

Chelsea salva sua temporada repetindo a história da final do ano passado.

Na final da Liga dos Campeões de 2012, o Bayern dominou a posse de bola e criou inúmeras chances. O Chelsea, após ter eliminado o Barcelona utilizando uma abordagem de contra-ataque pura, manteve a proposta na final. Após levar o primeiro gol, chegou ao empate em um escanteio que Drogba transformou em gol. Contra o Benfica, apesar do time desse ano ser muito mais proativo que o do ano passado, novamente a equipe se viu dominado e obrigada a correr atrás da bola. O Benfica criou ínúmeras chances, e Cardozo e Gaitan desperdiçaram várias oportunidades. Melhor para o Chelsea, que soube crescer no jogo, e contou com os seus talentos para chegar a vitória, novamente com um gol de escanteio nos minutos finais da partida.


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